O Pão
Ouço palmas no portão. Os cães latem, mas não o bastante para as palmas cessarem. Olho pela janela e vejo um menino que faz um gesto me chamando para ouvi-lo mais de perto. Quer me comover com sua história e em troca eu devo lhe dar alguns trocados. Digo a ele que não tenho troco mas tenho pão. Ele parece contente com a oferta. Levo os cães e trago um pão francês para ele, certa de que havia cometido uma boa ação. Não percebo quando ele se vai, mas voltando ao portão vejo que o pão fora deixado na superfície do muro, num gesto de desprezo. São os cães que devoraram o pão e agradecem.
rua ventiladao cheiro de peixe frito
percorre o ar
The Bread
I hear someone clapping at the gate. The dogs bark, but not enough to halt the claps. I stare out the window and see a boy who makes a gesture telling me to listen to him more closely. He wants me to be moved by his story and in return I should give him a few coins. I tell him that I don´t have change but have some bread. He seems pleased with the offer. I take the dogs and bring a French bread for him, certain that I am doing a good deed. I don´t see when he leaves, but when I return to the gate I see that the bread is left on the top of the wall in a gesture of contempt. The dogs eat the bread and come to say thanks.
windy street
the smell of fried fish
floats in the air